Lean startup é uma metodologia cada vez mais aderida quer por novos empreendedores e startups quer por empresas já estabelecidas. Estas procuram otimizar o seu método de desenvolvimento. A ideia principal por detrás deste método é evitar os desperdícios de recursos (tempo e dinheiro) no desenvolvimento de produtos através do lançamento de protótipos com funcionalidades mínimas (MVP) para os primeiros clientes a fim de validar ou invalidar, o mais cedo possível, hipóteses sobre o mercado.
A caraterística que mais distingue uma startup de qualquer outro tipo de negócio é o risco. Iniciar um negócio inovador pode ser assustador para empreendedores. Foi com consciência disso que Eric Ries escreveu o seu famoso livro “The Lean Startup”, que rapidamente tornou esta metodologia mundialmente conhecida e utilizada. Este conceito baseia-se nas experiências de Ries como empreendedor, consultor e fundador de startups e no Lean Manufacturing.
A sua primeira startup, Catalyst Recruiting, falhou porque a equipa focou-se demasiado no lançamento de um produto perfeito. Consequentemente, quando chegou ao mercado, não correspondia ás necessidades reais do consumidor. Depois disto, Eric trabalhou também como engenheiro de software na There Inc com 40 milhões de dólares de financiamento e cerca de 200 funcionários. Após lançamento no mercado, o projeto não conseguiu angariar a fama pretendida, acabando por gerar enormes prejuízos.
A partir destas experiências, Eric começou a desenvolver o conceito de Lean Startup baseada na filosofia de Lean Manufacturing, desenvolvida na década de 1980 por fabricantes de automóveis japoneses. Este sistema considerava o gasto de recursos para qualquer outro objetivo senão a criação de valor para o cliente final como um desperdício e, portanto, um alvo a eliminar. Foi visualizado o potencial de adaptação deste contexto ao empreendedorismo e, atualmente, é conhecido e utilizado neste ambiente.
Metodologia Build-Measure-Learn
O Build-Measure-Learn é um dos princípios do Lean Startup. Esta estrutura permite estabelecer e melhorar continuamente a eficácia dos produtos, de forma rápida e económica. Assim, encontram um modelo de negócio sustentável para startups.
Na prática, este método consiste em três fases distintas. Este ciclo consiste na criação e teste de hipóteses. Começa com algo pequeno para que os potencias clientes possam experimentar (BUILD), medir as suas reações com auxílio de métricas (MEASURE) e aprendendo com os resultados obtidos nestas medições (LEARN). Muitas vezes este processo obriga que os empreendedores tenham de mudar de ideia ou até de mercado.
Build
Na primeira fase, BUILD, dá-se a criação de um produto mínimo viável (MVP). Ou seja, um produto com as mínimas funcionalidades que permitam testar a hipótese do empreendedor. O objetivo deste passa por atrair potenciais clientes, que serão aquelas pessoas que quererão comprar ou adquirir o produto assim que ele for lançado oficialmente no mercado. Assim que o MVP estiver no mercado, deve-se recolher os dados usando métricas adequadas para a finalidade.
Measure
Na segunda fase, MEASURE, dá-se a análise e interpretação dos dados recolhidos na fase anterior.
Learn
Assim, na última fase, LEARN, o empreendedor possa tomar decisões conscientes. Caso a hipótese tenha sido verificada e aceite pelo mercado, o empreendedor vai preservar a ideia, continuando com os mesmos objetivos e repetindo o ciclo de feedback a fim de melhorar e refinar continuamente esta, caso seja necessário. Caso contrário, caso a hipótese tenha sido refutada, o empreendedor vai elaborar um pivô, redefinindo ou corrigindo a sua ideia com o conhecimento real que adquiriu no primeiro ciclo e, repetir este processo até que a ideia seja aprovada pelo mercado.
Ries acredita que o feedback do consumidor durante o desenvolvimento do produto é fundamental para garantir que recursos não sejam gastos em funcionalidades que este não necessite ou que não dê importância. Além disso, serve para fazer as adaptações necessárias para corresponder ás necessidades reais dos seus consumidores. Seguindo este método, se uma ideia tiver de falhar, esta falhará de maneira rápida e barata, em vez de lenta e cara, como implicaria seguindo o método tradicional.
Comparação com o método tradicional
Segundo o método administrativo tradicional, o primeiro passo que o empreendedor deve fazer é a criação de um plano de negócios. Neste deve analisar com o maior detalhe possível o tamanho do mercado, quais as estratégias para entrar nesta, quais os concorrentes, como se vai gerar receitas e lucros. Todas estas informações suportadas especialmente por dados estatísticos. Porém, quando o negócio envolve inovação, estes dados nem sempre existem.
A estratégia adotada no modelo tradicional baseia-se na implementação utilizando o plano de negócios como suporte. Por outro lado, no modelo Lean Startup é usada uma estratégia mais baseada em hipóteses com auxílio do modelo de negócios. Aqui, a preocupação principal é corresponder ás necessidades reais dos clientes.
Isto leva a que o processo tradicional seja mais demorado uma vez que este opera apenas quando tiver recolhido todos os dados para a ação. Já o Lean Startup opera apenas com os dados suficientes para a ação.
Outra diferença entre estes métodos está na criação do produto. Enquanto que no tradicional, este é preparado e lançado no mercado apenas quando estiver perfeito, no lean o produto é lançado o mais cedo possível no mercado sendo a hipótese testada e adaptada conforme o feedback recolhido.
Esta nova metodologia ajuda os novos empreendedores e startups a lançarem produtos que os clientes realmente desejam. Com isto, obtém-se mais rapidez e baixo custo do que os métodos tradicionais. Além disso, permite uma maior produtividade e uma maior aproximação aos clientes, valorizando as suas opiniões.